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08/Jun/2021

Agronegócio acelera investimentos e sustenta PIB

Os polos do agronegócio vivem hoje forte aceleração de investimentos. Os recursos são aplicados em toda a cadeia: da expansão da plantação à construção de fábricas de processamento, em equipamentos e até na logística. O dinheiro novo que chega a pequenos municípios espalha a riqueza gerada pela alta de cerca de 60% dos preços em dólar das commodities no último ano. E essa receita foi turbinada pela safra recorde de grãos. O bom momento do agronegócio já apareceu no resultado do PIB do primeiro trimestre, que avançou 1,2%. Boa parte dele foi sustentado pelo crescimento da agropecuária (5,7%). Mesmo com a pandemia, o setor continuou acelerado nas exportações e nos investimentos. Não há dados consolidados sobre os investimentos privados no setor, mas existem indicações de um forte movimento de expansão. De acordo com a assessoria econômica do Bradesco, em 12 meses até abril, 27 novos empreendimentos foram anunciados.

Eles estão voltados basicamente para a cadeia de processamento de carnes e grãos e somam mais de R$ 7 bilhões. Por dois meses seguidos, o total de aportes cresceu a uma taxa superior a 20%. Os dados são parciais, pois o produtor não divulga investimento. Mas o Rabobank, que atua no agronegócio, capta a parte oculta desse movimento. Neste ano, o banco teve crescimento de 20% em relação a 2020 no número de propostas dos clientes em busca de recursos para investimentos. Há um apetite maior para investimento por parte de cooperativas, grandes produtores rurais e cadeias de processamento. Enquanto em 2015 houve seca, câmbio e preços das commodities desfavoráveis e redução do crédito, hoje o momento é exatamente o oposto. O setor vem de duas safras com clima favorável, preços das commodities em alta, câmbio desvalorizado e crédito com juros baixos. Em alguns momentos, o crédito privado está até mais barato do que o oficial. Esse é um fator importante que, somado a outros, turbina o investimento.

A estimativa é que a área plantada com grãos na safra 2021/2022 seja ampliada. Isso sinaliza que a indústria terá que atender a uma demanda maior por máquinas, fertilizantes, silos, defensivos, implementos, caminhões, fábricas para processamento a fim de suportar esse crescimento. Os investimentos no agronegócio funcionam como alavanca na geração de emprego e renda em cidades do interior. Municípios nos quais a agricultura e a pecuária pesam na economia local o dobro da média nacional geraram em abril deste ano um volume de vagas formais duas vezes maior do que as demais cidades na comparação com o mesmo mês de 2020, mostra o estudo do Bradesco. As vagas formais abertas não foram necessariamente no setor agrícola, mas no comércio e na construção civil, principalmente. O investimento no setor acaba multiplicando esses recursos e gerando mais renda e emprego no interior.

No município de Bebedouro (SP), por exemplo, há hoje cerca de mil pessoas trabalhando na construção da fábrica de pectina da Cargill. A obra começou em 2020, e a unidade, inicialmente orçada em R$ 550 milhões, entra em operação em meados do ano. Cerca de 50% da cifra faz parte do pacote de quase R$ 1 bilhão que a companhia investiu no País em 2020. Com mais da metade da produção voltada para exportação, a nova fábrica poderia ser instalada na Flórida (EUA) ou no México. Mas a multinacional escolheu o Brasil por causa da disponibilidade de matéria-prima, além de oferta de mão de obra e condições de infraestrutura. A pectina, espessante usado pela indústria de alimentos, é extraída da casca da laranja, e Bebedouro é um polo de citricultura. A cidade toda se reconfigura quando ocorre um investimento desse porte, com novas demandas para o comércio. A Coamo, de Campo Mourão (PR), maior cooperativa singular da América Latina, com receita de R$ 20 bilhões, distribuiu em 2020 R$ 504 milhões em resultados a 30 mil cooperados.

Esse dinheiro irrigou as economias das 71 cidades espalhadas entre Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, onde a cooperativa atua. Mas, a maior parte da injeção de recursos da cooperativa nas cidades do interior ocorre por meio de investimentos. Neste ano, a Coamo começa a construção de uma fábrica de ração em Campo Mourão, onde serão investidos R$ 81 milhões. Essa cifra faz parte de um pacote de R$ 425 milhões previstos para 2021, que serão aplicados também na modernização de duas indústrias de óleo no Paraná e duas novas unidades da cooperativa no Mato Grosso do Sul. Em 2020, foram aplicados R$ 414 milhões. Metade foi para a construção do terminal no Porto de Paranaguá (PR). A Jacto, fabricante de implementos agrícolas e o maior empregador de Pompeia (SP), iniciou neste ano a construção de uma nova fábrica. Hoje são 50 pessoas trabalhando na obra, mas, no pico da construção, serão 700 trabalhadores. A fábrica será o dobro da atual e é o maior investimento da história da companhia, que faturou R$ 1,3 bilhão e tem 73 anos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.