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27/Mai/2021

Desaceleração da economia na China acende alerta

Na China, dados de atividade de abril mostraram nova desaceleração. As vendas no varejo continuam se recuperando, mas sem muito vigor. A vacinação lenta pode ter criado incerteza, apesar do sucesso em controlar o coronavírus em 2020. Agora, o governo chinês decidiu acelerar fortemente o ritmo de vacinação, alcançando 15 milhões de pessoas por dia, e 30% da população em pouco mais de um mês. No lado da oferta, o popular índice Li Keqiang, que combina vários indicadores de produção, está artificialmente inflado, porque o Ano Novo Chinês não foi comemorado em 2021, e muitas empresas trabalharam durante a data fazendo a variação de ano contra ano ser excessivamente alta. O índice de variação interanual é notável por não ter observações no terreno negativo. Mesmo no auge da crise de 2020, ainda houve algum crescimento em relação a 12 meses antes e a produção se recuperou quase que imediatamente, voltando a crescer em relação ao ano anterior.

Os indicadores de crédito, por sua vez, apontam para um 2º semestre com crescimento da economia mais modesto. A política creditícia é o principal instrumento de resposta do governo chinês a oscilações na atividade. Em 12 meses, houve expansão do estoque de crédito como percentagem do PIB. Como o endividamento interno na China é de 285% do PIB, o impulso em 2020 correspondeu a 32% do PIB de expansão do estoque de crédito, ou seja, um crescimento perto de 11% desse estoque. Verifica-se, no entanto, que a expansão vem desacelerando, e o estoque de crédito na metade de 2021 deverá estar muito próximo ao valor observado um ano antes. Dado o crescimento nominal da economia de perto de 10% nesse período, a contração do crédito fica clara, significando retirada de estímulos e uma expectativa do crescimento do PIB chegar a 5%, 6% ano contra ano ao final de 2021, respondendo à defasagem típica entre variação do crédito e da atividade econômica.

Menos crescimento na China é um sinal de alerta para os países exportadores de commodities, como o Brasil. As recentes altas nos preços de commodities impulsionaram as exportações dos países produtores, melhorando seus saldos comerciais. Com isso, elas geraram um impulso para o crescimento dessas economias, ajudando na saída da recessão causada pela pandemia. Além disso, impactaram as moedas dos países exportadores, apreciando algumas delas para patamares próximos ao pré-pandemia. A desaceleração atual na China pode levar a uma reversão parcial desses movimentos, especialmente caso a vacinação contra a Covid-19 se mantenha lenta. Essa reversão pode sugerir a necessidade de aperto monetário em uns tantos países exportadores de commodities, na América Latina e em outros continentes, a exemplo do que o Brasil vem fazendo desde o começo de 2021. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.