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24/Mai/2021

Sustentabilidade: cooperação entre Brasil e China

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que a China entrou na agenda ambiental positiva há pouco tempo e de forma contundente. Isso terá reflexos no agronegócio brasileiro. O assunto meio ambiente não era um tema do cotidiano. No dia 20 de maio, a ministra participou do "Diálogo Brasil-China sobre Agricultura Sustentável", promovido pelo Conselho Empresarial Brasil-China, que teve a participação do ministro da Agricultura e Assuntos Rurais da China, Tang Renjian. Na ocasião, ele afirmou que o governo chinês acredita haver enorme potencial para explorar a agricultura sustentável. A China quer injetar um novo ímpeto no Brasil para alcançar a agricultura mais sustentável. O Brasil é o primeiro país a criar parceria estratégica com a China para desenvolvimento sustentável e maior parceiro no comércio de produtos agrícolas. Segundo Tereza Cristina, ficou claro que o ministro chinês quer conhecer mais o que se está fazendo no agronegócio brasileiro em termos de sustentabilidade e como funciona a agricultura sustentável praticada aqui.

O interesse da China é positivo e é provável que se inicie uma mudança no Brasil em direção a uma maior sustentabilidade por outro continente. A China tem muito a mitigar e o Brasil tem muito a oferecer, garantiu a ministra. Ela lembrou que a China tem a responsabilidade de tirar da pobreza parte da sua população e, além disso, já há uma grande população, principalmente no continente asiático, comprando mais e melhorando a alimentação e o Brasil está pronto para atender isso. No Brasil, há mais de 90 milhões de hectares de pastos degradados e boa parte disso pode ser incorporada à agricultura, sem a necessidade de desmatar para expandir a agricultura no País. São áreas antropizadas há muitos anos, sem investimento em terras que têm aptidão agrícola e pecuária e, além disso, quanto à aptidão pecuária, também há muito o que pode ser melhorado. Ela ressaltou que, independentemente de a China exigir, a partir de agora, mais sustentabilidade na produção agropecuária brasileira, isso é uma coisa que todo mundo exige.

Mas, o Brasil precisa mostrar para a China que irá trabalhar cada vez mais juntos. Esse compromisso com os chineses por um agro mais sustentável é muito alinhado com o que o Ministério da Agricultura já faz, como por exemplo, o CAR dinamizado (ferramenta recém-lançada pelo Ministério da Agricultura que permitirá agilizar as análises e validações de mais de 6 milhões de Cadastros Ambientais Rurais - CAR), o que permitirá, como passo seguinte, que os produtores rurais com pendências ambientais possam aderir aos Programas de Regularização Ambiental (PRA). Sobre o pagamento por serviços ambientais (PSA) aos produtores rurais, cuja lei foi recentemente aprovada no Congresso Nacional e agora depende de regularização, a ministra ressaltou que, inicialmente, é necessário falar da implementação do Código Florestal, que é o cerne de tudo isso. O CAR dinamizado usará sensoriamento remoto para poder regularizar as propriedades rurais com mais celeridade e menos subjetividade e daí então partir para o PSA, que é importantíssimo.

Ela lembrou ainda que a lei está em fase de regularização pelo Ministério do Meio Ambiente. O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, afirmou que o país está disposto a uma maior cooperação agrícola com o Brasil dentro dos critérios de segurança e controle ambiental. A China quer aumentar o diálogo, estreitar comunicação e fomentar políticas com o lado brasileiro. O embaixador apontou que o país está empenhado em implementar uma agricultura de baixo carbono e que espera estreitar a cooperação com o Brasil no âmbito multilateral sobre biodiversidade. Segundo ele, a parte chinesa está disposta a fazer melhor proveito dos mecanismos de diálogo com o Ministério da Agricultura do Brasil, a fim de promover boas práticas de transição verde da agricultura e criar um novo modelo sustentável da relação neste ano. Ele lembrou que o país vai receber a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Biodiversidade, CDB COP15, em outubro.

Entre as potenciais ações de cooperação entre os países, Yang Wanming destacou que China e Brasil podem fortalecer a parceria em tecnologia para agricultura. Foi no Brasil que a China instalou seu primeiro laboratório de ciências agrícolas do exterior, observou o embaixador. Ele disse também esperar que o setor privado de ambos os países possa intensificar a cooperação em áreas emergentes como agricultura sustentável e orgânica e que instituições financeiras chinesas possam contribuir com a expansão das finanças verdes no Brasil. China e Brasil compartilham grandes interesses comuns e potencial de cooperação nas áreas de agricultura verde e biodiversidade. Promover uma agricultura sustentável é uma medida estratégica de segurança ecológica ambiental, segurança alimentar e segurança agrícola de cada país. Na avaliação do embaixador chinês, o agronegócio é uma das áreas mais desenvolvidas na relação bilateral sino-brasileira.

O agronegócio sino-brasileiro é complementar e benéfico para ambos os lados. Nos últimos 13 anos, a China tem sido o maior comprador de itens agropecuários do Brasil. Mesmo na pandemia, a importação desses itens manteve nível acelerado. O diplomata chinês acrescentou que o Brasil é um dos países da América do Sul que mais recebeu investimentos chineses na agricultura nos últimos anos. O Ministério da Agricultura avalia que Brasil e China podem dar contribuição fundamental para a sustentabilidade e segurança alimentar do mundo. Há um grande desafio em conjunto que é enfrentar a pobreza e o aquecimento global. A sustentabilidade poderá combater a fome. O Brasil fez contribuições importantes para a alimentação do mundo nos últimos 50 anos, passando a ter segurança alimentar e exportar alimentos a mais de 1 bilhão de pessoas do mundo. Três fatores que foram vitais nos últimos 50 anos e que são responsáveis pela potência atual do Brasil são a tropicalização da agricultura, o manejo intensivo do solo e a integração dos sistemas agropecuários.

Hoje, há mais de 17 milhões de hectares plantados em sistema de integração lavoura-pecuária-floresta no País. Tudo isso foi feito conservando e preservando 66% do território original do Brasil. Entre as iniciativas de agricultura sustentável encabeçadas pelo País, é possível citar o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que atingiu 52 milhões de hectares ao fim de 2020, superando a meta inicial de alcançar 35 milhões de hectares com tecnologias descarbonizadas em 10 anos. Essa área equivale ao território de uma Alemanha e meia. O Brasil também superou o compromisso firmado no Acordo de Paris, encerrando o ano passado com mais de 170 toneladas de carbono equivalentes capturados, citando as criações de gado bovino carbono neutro e soja sem carbono. A China foi um grande parceiro do Brasil nessa jornada até aqui e o objetivo é manter essa parceria.

Será possível fazer muito mais para alimentar o mundo com apoio da China. O foco da agricultura brasileira nos próximos 50 anos é a sustentabilidade e bioeconomia de inovação. O governo brasileiro tem estimulado bioeconomia com bioinsumos e promovendo uso de insumos biológicos na nossa agricultura. Na safra 2020/2021, o País plantou 42 milhões de hectares com fixação de nitrogênio do solo e não utilizando nitrogênio químico. O País tem mais de 20 hubs de inovação especializados em agricultura, com mais de 2,4 mil startups dedicadas ao agronegócio, e que o objetivo é agregar valor sobre os produtos agropecuários com essa tecnologia. Produzindo alimentos de base vegetal, carne cultivada, agricultura de precisão, culturas de baixo carbono ou carbono neutro, entre outras tecnologias contemporâneas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.