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14/Mai/2021

EUA: preocupação com política ambiental do Brasil

Maior autoridade ambiental do governo norte-americano, o ex-secretário de Estado John Kerry afirmou na quarta-feira (12/05), em audiência no Congresso, que o diálogo com o Brasil é a única forma de evitar que a Amazônia “desapareça”. Durante seu depoimento, ele voltou a demonstrar ceticismo com as promessas do governo brasileiro. Foi salientado o fato de que o Brasil cortou verbas para o meio ambiente após prometer ampliá-las durante a Cúpula do Clima organizada pelo presidente, Joe Biden. O governo norte-americano tem sido pressionado por congressistas democratas e ambientalistas, que afirmam que promessas feitas pelo presidente, Jair Bolsonaro, e pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não são confiáveis. Logo após a Cúpula de líderes sobre o clima, no dia 22 de abril, John Kerry se mostrou cético sobre o cumprimento das metas pelo governo brasileiro. Ele indicou que sabe dos problemas do Brasil e defendeu as negociações.

Segundo ele, os dois países estão tentando formatar uma estrutura que possibilite a verificação das metas e a prestação de contas do governo brasileiro. Questionado sobre o status das negociações com o Brasil, Kerry afirmou que espera ver as conversas com o governo brasileiro concretizadas. No momento, a negociação está em curso. Ela começou há algumas semanas. Segundo ele, houve algumas conversas boas e há esperança de transformar a intenção em ação, que seja efetiva e verificável. Obviamente, há desafios e os Estados Unidos estão cientes. Um dia depois de Bolsonaro prometer a líderes de 40 países que dobraria os repasses ambientais, o governo federal anunciou um corte de R$ 240 milhões no orçamento dedicado Ministério do Meio Ambiente. Durante a cúpula internacional, Bolsonaro prometeu dobrar os recursos destinados à fiscalização, mas não detalhou valores ou datas.

Depois disso, Kerry teve uma reunião com o ministro de Meio Ambiente e com o chanceler, Carlos França, e questionou as autoridades brasileiras sobre o corte de gastos. Na ocasião, os ministros brasileiros prometeram que haveria uma recomposição dos recursos. John Kerry elogiou a queda nos níveis de desmatamento no Brasil em governos passados, mas criticou os retrocessos do governo Bolsonaro na política ambiental. Segundo ele, o Brasil foi muito bem entre 2004 e 2012. Estava progredindo e parando o desmatamento. No entanto, entre 2012 e 2020, o desmatamento atingiu picos. Aos congressistas norte-americanos, Kerry demonstrou preocupação com os níveis atuais de desmatamento na Amazônia. Cientistas dizem que o nível de corte da floresta é tão significativo que há a possibilidade de já ter atingido um ponto de inflexão na capacidade da floresta de continuar como uma floresta tropical.

Há uma semana, saiu um artigo dizendo que a Amazônia está liberando mais carbono do que consome. Então, alguma coisa está acontecendo e é preciso descobrir, reforçou ele. Kerry prometeu ao Congresso apresentar um relatório sobre a situação nos próximos meses, antes da Cúpula do Clima, que ocorrerá em novembro, em Glasgow, na Escócia. O Ministério do Meio Ambiente do Brasil afirmou que John Kerry e os Estados Unidos estão dialogando com o governo brasileiro há bastante tempo. Durante a fala de Kerry ao Congresso, ativistas notaram que ele chamou o governo brasileiro de “regime Bolsonaro”, ao responder uma pergunta sobre o aumento do desmatamento. “Infelizmente, o ‘regime Bolsonaro’ reverteu algumas das proteções ambientais”, afirmou. O termo chamou a atenção, porque as autoridades norte-americanas costumam classificar como “regime” apenas governos autoritários, como o de Nicolás Maduro, na Venezuela, Daniel Ortega, na Nicarágua, ou de Bashar Assad, na Síria. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.