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11/Mai/2021

A avaliação da duração das altas das commodities

Depois do que aconteceu com os preços de várias commodities na semana passada, com muitas delas atingindo o maior nível em uma década, o tema agora está no topo do radar de atenção dos investidores: se o rali das principais matérias-primas seguir com fôlego, como isso se refletirá na inflação e como deflagrará a resposta dos bancos centrais ao redor do mundo. Muitos analistas atribuem a gargalos de produção, levando a escassez de matéria-prima para uma demanda mais aquecida diante da recuperação mais acelerada da economia global, um dos motivos para a alta forte recente nos preços de várias commodities. Hoje, por exemplo, o contrato futuro mais líquido na Bolsa de Dalian (China) do minério de ferro, com entrega para setembro, disparou e bateu no limite de valorização de 10%, a 1.326 yuans por tonelada. Somente nessas primeiras sessões de negócios de maio, esse contrato acumula alta de 22%.

Na sexta-feira (07/05), o cobre fechou no seu maior nível na história na London Metal Exchange (LME) a US$ 10.430,00, com ganho semanal de 6,2%. O índice de metais de base da LME atingiu 4.400 pontos, próximo do seu recorde histórico de 4.550 pontos, de 2007. O preço do alumínio já subiu ao redor de 30% nos últimos três meses. Na semana passada, a cotação do ouro registrou seu maior ganho semanal em seis meses, com alta de 3,5%. E o impressionante rali não é só de matérias-primas industriais ou de metais preciosos: o preço das principais commodities agrícolas também estão disparando, algumas em razão de safras menores, outras por uma demanda aquecida da China. O contrato futuro mais líquido do milho na Bolsa de Chicago fechou na sexta-feira (07/05) em alta pelo sétimo pregão consecutivo, o que levou o preço a ultrapassar o patamar de US$ 7,00 por bushel pela primeira vez em mais de oito anos.

O café arábica registrou ganho ao redor de 8% na semana passada, influenciado pela expectativa de produção menor no Brasil na próxima safra e de aumento de demanda com o relaxamento às restrições de mobilidade social para conter a pandemia de Covid-19 em países desenvolvidos. O preço da soja atingiu seu maior patamar em oito anos e meio na Bolsa de Chicago no dia 7 demaio, com o contrato de julho fechando próximo a US$ 16,00 por bushel. Até o petróleo também vem recuperando terreno, com o Brent já se aproximando de US$ 70,00 por barril. Os principais bancos centrais tendem a olhar como transitória a alta de preços de commodities, sem a necessidade de tomar alguma ação para conter seus efeitos. Todavia, há dúvidas sobre o quão temporário será o gargalo de produção de algumas matérias-primas. Por exemplo, a escassez de produção de chips semicondutores poderá seguir como um problema até meados de 2022, da mesma maneira que a falta na disponibilidade de contêineres para navegação poderá levar mais tempo para ser revolvida.

Consequentemente, a alta na inflação associada ao aumento de preços de matérias-primas poderá ser mais persistente. Nos Estados Unidos, a alta recente das commodities tem pressionado a inflação implícita de curto prazo, com a taxa de 2 anos ("two-year breakeven rate") um pouco abaixo de 2,8%. No caso do Brasil, essa alta forte recente nos preços de várias commodities é uma questão bem mais complexa. Isso porque os benefícios de preços mais elevados de commodities (beneficiando os termos de troca) acabam sendo compensados pela alta da inflação e, por tabela, um aperto antecipado da política monetária, enquanto o potencial de maior crescimento do PIB não é suficiente para aliviar os temores fiscais do mercado. De qualquer forma, se o preço de várias commodities seguir batendo máximas, o tema poderá vir a ser abordado de uma maneira mais dura pelos principais bancos centrais do mundo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.