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30/Abr/2021

Caminhoneiros e Petrobrás: reunião sobre o diesel

Base de apoio do presidente Jair Bolsonaro, os caminhoneiros recorreram à Petrobras, na quarta-feira (28/04), para apresentar à nova gestão da empresa seus argumentos em defesa das mudanças no cálculo de reajuste do óleo diesel. As três principais lideranças da categoria pediram o fim da Política de Paridade de Importação (PPI), que prevê reajustes de preços no Brasil quando a cotação internacional do petróleo e o dólar sobem. Os caminhoneiros não querem mais uma solução fiscal do governo. A reivindicação, agora, é por uma posição favorável do novo presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna. O general do Exército assumiu o comando da Petrobras no dia 19 de abril. Desde então, pouco falou sobre os preços dos combustíveis. O tema é polêmico. Foram, justamente, os recorrentes aumentos do diesel nos primeiros três meses do ano, de mais de 40%, o pivô do embate de Bolsonaro com o ex-presidente da petrolífera. Ele foi demitido pelas redes sociais um mês antes do seu sucessor chegar.

O presidente da República acusou o executivo, na época, de ser insensível aos apelos dos consumidores, principalmente, dos caminhoneiros. Além de ser uma importante base de apoio do governo, a categoria tem sempre na manga o trunfo de poder parar o País, como fez na greve histórica de maio de 2018. O governo de Michel Temer deu uma solução momentânea ao problema, instituindo um subsídio ao preço do diesel. Mas, já no primeiro ano de gestão de Bolsonaro, as reivindicações voltaram à tona e perduram até hoje. Nesta sexta-feira (30/04) termina o prazo de isenção fiscal sobre o combustível. A expectativa dos caminhoneiros é de que o preço volte a subir em seguida, em proporções ainda maiores, já que Estados aumentaram o ICMS nos dois últimos meses em que os tributos PIS e Cofins estavam zerados. Com isso, o preço do diesel até subiu em março e abril (0,5%), segundo cálculo do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), a partir de dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O encontro com a Petrobras foi liderado pela Confederação Nacional dos Transportadores Rodoviários de Carga (CNTRC), que agrega sindicatos de todo País. Também estiveram presentes a Confederação em São Paulo e a Associação Nacional do Transporte Autônomo do Brasil (ANTB). Ao marcar a conversa, a intenção do grupo era, num primeiro momento, apresentar seus argumentos ao corpo técnico da empresa, antes do presidente da Petrobrás anunciar qualquer decisão sobre a política de preços dos combustíveis em sua gestão. Mas, ainda aguardam, para os próximos dias, uma conversa diretamente com o general. Os caminhoneiros acreditam que, por ser um militar, o novo presidente da Petrobras pode ter uma visão mais nacionalista da empresa, menos alinhada com os interesses do mercado financeiro e dos investidores estrangeiros do setor. Na prática, defendem a adoção de preços internos lastreados pelos custos de produção em Real, e não em dólar. Reivindicam também a suspensão das privatizações. A pauta é a mesma da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), uma entidade de trabalhadores da estatal.

A expectativa é de uma solução imediata para o preço do diesel e não só para os caminhoneiros. Ao pressionar a Petrobras e mobilizar a categoria, as lideranças sindicais acreditam que ajudam Bolsonaro a derrubar o PPI da Petrobras. Os caminhoneiros veem no presidente da República um aliado, mas esperam uma atitude favorável, no curto prazo. Nesta sexta-feira (30/04) e no sábado (1º/05), a CNTRC vai reunir seus sindicatos, virtualmente, para discutir possíveis ações para as primeiras semanas de maio. Não há nenhuma indicação de greve, por enquanto. Há receio do dia primeiro de maio (quando a medida provisória que define isenção fiscal para o diesel perde a validade). Até agora, não há indicação de que a isenção será prorrogada. Presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão, disse estar procurando uma possibilidade de prorrogação. O sindicalista, que ganhou notoriedade na greve de 2018, projeta um aumento de preço do diesel de cerca de 8% com o retorno da cobrança do PIS/Cofins. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.