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23/Abr/2021

Cúpula do Clima: Brasil perdendo oportunidades

Segundo o Instituto Escolhas, o Brasil perdeu a chance de, no "jogo" das propostas para combater as mudanças climáticas, sair pelo menos empatado. Até agora, no "campeonato das mudanças climáticas, o governo (do presidente Jair) Bolsonaro está perdendo de 7 a 1", comparou. Hoje, era a chance de recuperar essa má imagem que o País tem causado no mundo. A postura do governo brasileiro na Cúpula do Clima, promovida pelo governo do norte-americano Joe Biden, em que Bolsonaro discursou foi criticada. O Brasil não criou uma mensagem diferente do que foi criado nesses dois anos de governo Bolsonaro, até porque o País não fez propostas que dessem a clara indicação de que não estava apenas no discurso de redução de danos ambientais.

Assim, o País perdeu a chance de integrar o que a Cúpula do Clima vai criar, ou seja, um conjunto de países altamente empenhados em tomar medidas econômicas reais que vão modificar seus processos internos de produção e direcionar recursos e investimentos para adaptar suas economias para o que o clima pede. O Brasil tinha tudo para fazer um belo papel, tem recursos internos para dizer que vai assumir metas concretas progressivas na direção de uma produção mais limpa. Foi perdida a oportunidade de entender o momento da Cúpula do Clima. Em relação ao agronegócio, o setor comete um erro gravíssimo ao reduzir tudo a um problema de comunicação. O segmento agropecuário brasileiro, assim como o Ministério da Agricultura, costuma falar que o campo brasileiro se comunica mal e não mostra como de fato a agricultura brasileira já é sustentável.

A ministra Tereza Cristina, inclusive, tem usado bastante o bordão "potência agroambiental" para se referir ao País. Desta forma, se não houvesse problemas ambientais no agro brasileiro ninguém precisaria ficar escondendo nada, já que seria um problema que não acontece. Daí a reduzir as questões pelas quais a produção agropecuária brasileira é criticada a comunicação não parece viável. Não existe setor que se comunica melhor do que o agro neste País. Em relação a iniciativas ambientais propostas pelo Ministério da Agricultura, como o recém-lançado Plano ABC+ 2020/2030 (agricultura de baixo carbono), o Instituto Escolhas disse que, para mudar efetivamente a imagem do setor agropecuário brasileiro tanto no Brasil quanto no exterior, é necessário inverter prioridades. O Brasil precisaria definir, de maneira concreta, quais são as metas que nos próximos dez anos vão reduzir de fato as emissões da agricultura brasileira.

Aliás, em vez de um Plano Safra, o Brasil deveria lançar um grande Plano ABC, um plano de agricultura de baixo carbono; este é o futuro do Plano Safra e não há metas para isso. O setor continua a financiar muita gente ineficaz na produção, lembrando que, dos maiores municípios emissores de gases do efeito estufa, sete estão na Amazônia. Assim, a agricultura brasileira tem muitas providências para tomar para mostrar que de fato é sustentável. Enquanto o País não retirar quem não produz de forma correta e só recebe subsídios do governo, não conseguirá mudar sua imagem. Foi feito um alerta quanto às exportações de soja brasileira para a China. O gigante asiático é o principal cliente do Brasil neste setor e, como precisa de muita soja para abastecer seus plantéis de suínos e frangos, privilegia a compra de quem fornece em quantidade e qualidade.

Entretanto, como a China também apresentou na Cúpula do Clima suas metas para redução de gases do efeito estufa, a partir de agora as exigências ambientais chinesas serão bastante reforçadas. O Brasil já deveria estar atento à sustentabilidade da soja que vende para lá há muito tempo. O grande engano da agricultura brasileira e pelo qual a pode pagar um alto preço é que nos últimos anos o País cometeu a soberba de achar que se a China continuar sendo a grande compradora não seria preciso ter preocupação com exigências ambientais. Isso agora vai mudar. O País foi alertado diversas vezes de que isso tinha um prazo para acabar, que a China faria movimentos de alinhamento com os Estados Unidos e a União Europeia em termos ambientais. Basta ver que a China tem aumentado suas compras de soja dos Estados Unidos, está abrindo mercados na África, justamente para reduzir a dependência de poucos fornecedores. Esse engano da agricultura brasileira pode custar caro, porque evitou que o Brasil tomasse as providências que deveria ter tomado no sentido de uma produção de soja mais sustentável, por exemplo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.