23/Abr/2021
O discurso do presidente Jair Bolsonaro na Cúpula do Clima foi bom, mas precisa vir acompanhado de medidas mais concretas de combate ao desmatamento ilegal. Se na sequência do discurso forem anunciadas medidas mais concretas de combate ao desmatamento ilegal, criará uma expectativa real para importadores de soja, pelo fato de que, neste caso, o governo terá cedido às pressões. O maior rigor na fiscalização do desmatamento ilegal no País é de interesse não apenas de importadores de soja como também de compradores internacionais de qualquer produto que tenha soja como matéria-prima.
Isso porque há possibilidade de União Europeia e Inglaterra cobrarem rastreabilidade de toda a cadeia, excluindo fornecedores que não cumprirem os requisitos. Os importadores querem que o Brasil melhore a governança e reduza desmatamentos porque sabem que terão de continuar comprando soja brasileira. Se o governo não melhorar a governança, os custos na cadeia de suprimento subirão, pois serão exigidos mais controles, e os importadores vão pagar mais caro pela soja. Eles sabem disso e querem evitar. Pode-se citar um supermercado europeu, por exemplo, que compra carne de frango brasileira e que, no caso de o Brasil não adotar medidas concretas de combate ao desmatamento, tenha de rastrear toda a cadeia da carne, incluindo o farelo de soja e o milho usados para alimentar o frango.
Se os supermercados tiverem que fazer isso, os custos para o consumidor vão subir muito. Eles não querem que isso ocorra e, por isso, pressionam para que o governo controle o desmatamento. Para exportadores de soja, mesmo os que já fazem parte da Moratória da Soja, iniciativa que verifica a legalidade da produção de soja para garantir que o grão não venha de área desmatada no bioma Amazônia, a não adoção de medidas concretas pelo País poderia trazer exigências e custos adicionais. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.