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23/Abr/2021

Cúpula do Clima: Bolsonaro pede ajuda financeira

O presidente Jair Bolsonaro voltou a pedir a ajuda de recursos internacionais para a preservação ambiental no Brasil. Nesta quinta-feira (22/04), durante Conferência de Líderes sobre o Clima, convocada pelo presidente norte-americano Joe Biden, Bolsonaro cobrou a justa remuneração pelos serviços ambientais prestados pelos biomas brasileiros ao planeta e disse que, neste ano, a comunidade internacional terá oportunidade singular de cooperar com a construção de futuro comum. Segundo ele, diante da magnitude dos obstáculos enfrentados para a preservação do meio ambiente e da região Amazônica, repleta de desigualdades sociais, o que inclui a necessidade de recursos financeiros, é fundamental contar com ajuda e a contribuição de países, empresas e entidades, de maneira imediata, real e construtiva. Os R$ 2,9 bilhões que foram doados pela Noruega e Alemanha, no âmbito do programa Fundo Amazônia, estão a dois anos parados em uma conta bancária do governo federal sem serem aplicados.

O montante, entretanto, não foi embaraço para que o governo brasileiro pedisse mais recursos à comunidade internacional. Segundo Bolsonaro, os mercados de carbono são cruciais como fonte de recursos e investimentos para impulsionar a ação climática tanto na área florestal quanto em outros relevantes setores da economia, como indústria, geração de energia e manejo de resíduos. Ele reiterou que o Brasil está aberto à cooperação internacional e que o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de tal forma que haja resposta, equitativamente e de forma sustentável, às necessidades ambientais e de desenvolvimento das gerações presentes e futuras. O presidente Jair Bolsonaro falou o previsto durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima. Nos três minutos de pronunciamento a que tinha direito ele repetiu de forma sucinta a carta enviada há alguns dias ao governo dos Estados Unidos. Mas, ele não convenceu, ou pelo menos não aos 100%, os demais líderes e audiência.

Aproveitando a vitrine, passou o pires, defendendo que as ações feitas pelo Brasil devem ser remuneradas. No mundo político é muito clara a divisão entre discurso e ações práticas. E, ainda que as promessas de Bolsonaro em relação à diminuição do desmatamento sejam otimistas, a atuação do atual governo não necessariamente segue a mesma linha. De qualquer forma, a participação do presidente brasileiro era aguardada. Primeiro, porque a Amazônia é "o" símbolo de tudo o que envolve sustentabilidade no Planeta Terra. Depois, porque sua presença no evento virtual foi tratada quase que como uma surpresa, dada a convicção do governo doméstico de que, ao contrário do que gritam representantes de vários setores em todo o mundo, o trabalho ambiental local é bem feito. Após anunciar que pretende cortar a emissão de carbono do país pela metade até o fim desta década, Joe Biden avisou que a pretensão da cúpula era a de que cada país dissesse o que pode fazer para proteger o meio ambiente.

Décimo oitavo líder estrangeiro a se pronunciar no evento, Bolsonaro ressaltou que Brasil é dos poucos países a adotarem metas de redução de emissões e enfatizou que determinou a obtenção da neutralidade climática no País até 2050. Aproveitou a oportunidade para "passar o pires" e reforçar que os serviços ambientais brasileiros prestados ao bioma do planeta devem ser remunerados. Joe Biden já não estava presente quando o brasileiro falou. A criação da cúpula sobre o clima pelo governo norte-americano extrapola as preocupações específicas sobre o tema. Tem um sentido geopolítico de mostrar que a maior potência econômica e bélica do mundo ainda ocupa este lugar e, pelo fato de ter angariado tantos líderes, comprova a deferência que gera no globo. Principalmente depois que o país ficou marginalizado nas questões sobre o clima com a postura negacionista do ex-presidente Donald Trump sobre o aquecimento global.

A volta dos Estados Unidos para a "linha de frente" das discussões sobre o clima foi, inclusive, um dos pontos destacados durante a fala do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. Da mesma forma, a chanceler alemã Angela Merkel comemorou o retorno dos Estados Unidos ao debate. Com a Cop26, na Escócia, transferida de 2020 para 2021 por causa da pandemia, a criação do evento norte-americano foi uma forma de o governo Biden marcar posição nesse tema. A liderança inegável do país ganhou mais uma sobrevida com a pandemia de coronavírus. Ainda que mais cedo ou mais tarde, a China deva passar ao posto de número 1 do mundo, o crescimento sem precedentes que a atividade local deve ter este ano manterá a economia do país como a mais pujante por mais algum tempo.

E justamente por entender o papel atual e futuro da China, Xi Jinping foi o primeiro líder estrangeiro a se pronunciar e, como fez desde o Fórum Econômico Mundial de Davos, ainda em 2017, defendeu o multilateralismo. Mas, passou o seu recado: as nações desenvolvidas devem elevar metas para o clima e ajudar países emergentes. Cooperação, união, foco para mudar o futuro e rapidez nas ações foram palavras que se repetiram nos mais diversos discursos de líderes ao redor do mundo. Delas, Bolsonaro também engrossou o coro nesse sentido. A grande preocupação do mundo com a gestão brasileira, no entanto, é a de que o País não faça o suficiente e nem ouça com atenção a ciência. Biden disse em seu discurso que o resultado apurado pela ciência sobre o clima até agora é inegável: não há escolha, é preciso fazer isso agora. O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, acrescentou: é preciso que seja agora, para que não haja arrependimento depois. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.