ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

22/Abr/2021

Aumento de créditos destinados à economia verde

De acordo com levantamento realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), quase um quarto dos financiamentos em estoque nos bancos brasileiros no final do ano passado para as pessoas jurídicas estava ligado à economia verde. O tema ganha cada vez mais força no mundo e os dados são divulgados em um momento em que uma cúpula de líderes capitaneada pelos Estados Unidos ocorre para debater sobre as mudanças climáticas e outras ações ambientais. O relatório "Sustentabilidade e Mudanças Climáticas - recursos intermediados pelo setor bancário do Brasil" foi baseado em dados do Sistema de Informações de Crédito, do Banco Central, de 2019 e 2020 e contou com um modelo de taxonomia verde desenvolvido pela própria Febraban. O objetivo do estudo foi o de avaliar o potencial do sistema para o setor ligado à sustentabilidade, a exposição ao risco ambiental e apontar os setores que estão mais expostos às mudanças climáticas no País.

Ainda que a Federação tenha identificado que quase 22% do crédito para as empresas tem alguma relação com o meio ambiente, a entidade salienta que os dados devem estar subestimados porque não há como incorporar informações sobre empréstimos feitos por pessoas físicas, por exemplo, em setores como o da agricultura sustentável. Para comparar os dados de 2019 e 2020 de forma mais real, o IPCA foi usado como deflator. Em dezembro do ano passado, o estoque total de financiamento bancário era de cerca de R$ 4 trilhões, sendo R$ 2,2 trilhões para as famílias e R$ 1,7 trilhão para companhias. Do total emprestado para pessoas jurídicas, pouco mais de R$ 376 bilhões foram destinados a empresas enquadradas como economia verde, de acordo com o trabalho, o equivalente a 21,75%. A maior parte, porém, um total de R$ 1,354 bilhão (78,25%), foi para outros setores. Houve uma leve redução em relação aos dados de um ano antes, quando os financiamentos para segmentos ligados à sustentabilidade tinham sido de 22,48%.

De um ano para o outro, foi possível perceber uma queda dos recursos para a economia verde em estados como Minas Gerais, São Paulo e Paraná, mas um aumento em vários estados da Região Nordeste e em Mato Grosso do Sul. No encerramento do ano passado, sete Estados tinham de 6,05% a 13,68% do crédito voltado para atividades sustentáveis. Outros sete Estados, uma margem de 13,68% a 18,98% e mais sete de 18,98% a 26,51%. Além disso, seis unidades da Federação destinavam de 26,51% a 63,29% dos recursos obtidos com os bancos para a economia verde. Entre estes estão Distrito Federal e Rio de Janeiro, por exemplo. O estudo da Febraban fatiou os dados também em relação ao nível de impacto das atividades. Do saldo da carteira no fim de dezembro de 2020, 60,02% foram destinados a ações de moderada contribuição social e ambiental; 21,88% de alta contribuição social; 10,97%, de moderada contribuição ambiental; 5,34% de alta contribuição social e ambiental; 1,07%, de alta contribuição ambiental, e 0,72%, de moderada contribuição social.

Houve uma alta de 16,5% na tomada de financiamentos para atividades agrícolas consideradas como parte da economia verde no ano passado, com o saldo crescendo de R$ 47,9 bilhões no final de 2019 para R$ 55,8 bilhões um ano depois. Os dados foram compilados pela entidade no Sistema de Informações de Crédito (SCR) do Banco Central, na matriz de crédito rural e na taxonomia verde preparada pela própria instituição. Do total de financiamentos em estoque para o setor no encerramento de 2020, a maior parte foi feita por meio de pessoas físicas (R$ 49,7 bilhões). O volume total de crédito da carteira rural/agroindustrial para pessoas físicas em atividades enquadradas como economia verde foi estimado em 17,12%. O saldo total de empréstimos para o setor, considerando atividades dentro e fora da economia verde e para pessoas físicas e jurídicas, era de R$ 328,1 bilhões em dezembro do ano passado. Esse esforço de enquadrar o crédito concedido para pessoa física na taxonomia, em especial o referente ao setor rural, é baseado no fato de que, do saldo da carteira ativa na modalidade Rural/Agroindustrial, 88%, em dezembro de 2020, era referente a financiamentos concedidos a pessoas físicas.

O trabalho da Febraban também apresenta uma lista com as contratações de empréstimos feitas com os bancos. A maior parte delas, um total de R$ 132,6 bilhões, é de financiamentos sem vínculos a programas específicos, mas outros deles são citados no documento, como, por exemplo, o programa de redução da emissão de gases de efeito estufa na agropecuária (ABC), no valor de R$ 2,4 bilhões, e o programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar (Pronaf), no valor de R$ 32,4 bilhões, ambos dentro da classificação de economia verde. No caso dos demais setores que não se enquadram nessa categoria, foi mencionado o programa nacional de apoio ao médio produtor rural (Pronamp), no valor de R$ 29,9 bilhões, e o programa de defesa da economia cafeeira (Funcafé), no valor de R$ 2,9 bilhões), entre outros. O estudo faz ainda um detalhamento da contratação de empréstimos por meio de subprogramas na matriz de crédito rural dentro e fora da economia verde. Empresas com exposição ao risco ambiental tomaram 43,60% de todo o estoque de crédito registrado no fim do ano passado, num total de R$ 754,2 bilhões.

O saldo visto um ano antes era de R$ 622,6 bilhões ou 42,94% do total. Os demais setores de atividade ainda seguem como os maiores tomadores, com R$ 975,4 bilhões ou 56,40%. A entidade classificou o saldo de financiamento das atividades de maior risco ambiental geograficamente. No encerramento de 2020, seis Estados detinham de 45,05% a 61,66% da carteira de empréstimos bancários em atividades mais arriscadas, como Ceará e Mato Grosso, por exemplo. Sete unidades da Federação, entre eles São Paulo e Bahia, tinham tomado de 37,94% a 45,05% do crédito dessa amostragem. Em outros sete Estados (como Amazonas e Goiás), a fatia era de 25,02% a 37,94% e em mais sete (como Espírito Santo e Paraíba), de 7,93% a 25,02%. Se a separação do crédito nas atividades mais expostas ao risco ambiental for feita por setores, a de energia e gás é a que lidera o ranking, com um total de R$ 149 bilhões, o equivalente a 19,77% do total.

Este ramo também é o líder entre as empresas consideradas como as mais verdes. A sobreposição é esperada porque se enquadram nesse segmento tanto a geração quanto a transmissão de energia elétrica. A divisão nacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE, não permite segregar as atividades por fonte de energia. Outros dois setores do topo da lista são fabricação de produtos alimentícios (R$ 102,1 bilhões ou 13,54% do total) e fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (R$ 42,3 bilhões ou 5,61%). Na parte de baixo da tabela estão descontaminação e outros serviços de gestão de resíduos (R$ 113,7 milhões ou 0,02%), extração de carvão mineral (R$ 54,8 milhões ou 0,01%) e fabricação de serviços diversos (R$ 1,3 milhão).