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20/Abr/2021

Commodities deverão levar à superávit externo

Com um novo boom de commodities (produtos básicos, como petróleo, grãos e minério) no mercado internacional, o Brasil deve voltar a fechar as contas externas no campo positivo após 14 anos. De acordo com o Banco Central, depois de um rombo de US$ 12,5 bilhões no ano passado (já considerado baixo para os padrões brasileiros) a estimativa é de saldo positivo de US$ 2 bilhões em 2021, o primeiro superávit desde 2007. A conta de transações correntes no balanço de pagamentos engloba todos os negócios do Brasil com o exterior, incluindo o saldo comercial de mercadorias e serviços, as remessas de lucros e dividendos e os juros pagos pelas empresas, além das transferências pessoais. A última vez em que o resultado ficou no azul foi no boom global das commodities do começo do século, quando o Brasil registrou superávits por cinco anos seguidos a partir de 2003. Até o fim de 2020, o Banco Central previa um novo déficit de US$ 19 bilhões nas contas externas para este ano.

Mas, com o aumento nos preços das commodities que o Brasil produz, a projeção de resultado foi elevada para US$ 21 bilhões, o que resultará em saldo positivo de US$ 2 bilhões. Com as estimativas para as contas de serviços e de renda primária praticamente estáveis, a grande diferença veio na projeção para a balança comercial, que passou de superávit de US$ 53 bilhões para US$ 70 bilhões. Se o valor se confirmar, será o maior da história para o saldo comercial medido pelo Banco Central. Somente as exportações devem alcançar US$ 256 bilhões este ano, superando o recorde de US$ 253,185 bilhões de 2011. Apesar de terem começado o ano em nível deprimido, espera-se que as exportações aumentem a partir de março, impulsionadas pelo escoamento da boa safra de soja, pelo patamar elevado para preços de commodities e pela recuperação da demanda internacional. O Ministério da Economia também espera um superávit comercial recorde em 2021, de US$ 89,4 bilhões, crescimento de 75% ante o saldo de US$ 50,9 bilhões no ano passado.

Enquanto a pasta considera os valores de todos os contratos de exportações e importações, a métrica do Banco Central inclui apenas os recursos que efetivamente saíram e entraram no País. No mercado internacional, os preços das commodities subiram 50% no último ano. No mercado brasileiro, em Reais, os preços das tiveram alta de 66% no mesmo período. O impacto das commodities nas contas externas é cada vez maior porque o peso dos produtos básicos nas exportações brasileiras é crescente, passando de 53% do total embarcado em 2019 para 57% no ano passado. A Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB) destaca que o crescimento nas vendas desses produtos ocorre muito mais pelo preço do que pela quantidade produzida. Há um aumento generalizado nos preços de todos esses produtos que o Brasil já produz em grande volume, como soja, milho, minério e petróleo.

Além do aumento na demanda por países que já começaram a sair da crise, há um gargalo de falta de navios e contêineres que ajuda a pressionar os custos. Diferentemente do que ocorreu na primeira década deste século, a alta nos preços das commodities não deve continuar por muitos anos. O mundo ainda está em pandemia e esse movimento não deve ser duradouro. Pode até haver alguma expansão na produção de alimentos para atender a uma demanda conjuntural decorrente de auxílios de renda, mas na metalurgia não há investimentos para a ampliação da capacidade que não terá demanda no futuro. Mas, o ciclo pode persistir enquanto durarem os grandes pacotes fiscais lançados pelas principais economias avançadas. Apesar do desempenho das commodities, o resultado esperado faz parte de um diagnóstico ruim da economia. É sinal de um quadro doméstico deteriorado, com câmbio fora do lugar e dificuldades para a população, o que reduz as importações. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.