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19/Abr/2021

Dólar não cai nem com desempenho de commodities

A entrada de dólares no Brasil, puxada pelas exportações de commodities, não tem sido suficiente para colocar a moeda norte-americana em patamares mais acomodados. Após ter subido cerca de 30% ante o Real em 2020, o dólar à vista acumula alta próxima de 9% em 2021. O movimento ocorre apesar de o fluxo de divisas para o País, considerando o câmbio contratado, estar positivo em US$ 8,7 bilhões. Em tese, ao receber mais dólares com a exportação de commodities, o Brasil deveria passar por um processo de desvalorização da moeda norte-americana, o que não está ocorrendo. É a primeira vez que as cotações das commodities sobem e os países produtores pioram no câmbio. Esse comportamento atípico ocorre devido à deterioração fiscal e ao aumento da dívida dos emergentes no enfrentamento da pandemia de Covid-19. Com a demanda global por commodities, os preços em Reais de produtos como soja e milho têm aumentado, o que traz pressão adicional sobre a inflação brasileira.

Embora tratasse no ano passado o fenômeno como passageiro, o Banco Central já reconhece que seus efeitos sobre a inflação são mais duradouros que o esperado. Este foi um dos fatores considerados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central no mês de março, quando a Selic (a taxa básica de juros) foi elevada de 2,00% para 2,75% ao ano. O dólar não tem cedido ante o Real porque a exportação de commodities é apenas um dos fatores de influência sobre as cotações. Ao mesmo tempo em que o País exporta bastante e cria um superávit na balança comercial, ocorrem saídas no resto do balanço. É o caso dos resultados de Investimento Direto no País (IDP) e portfólio. Além disso, as expectativas em relação ao futuro do Real não são animadoras. Ainda existe um componente político sobre as cotações do dólar, ligado a fatores como a demora na vacinação e as dificuldades do governo na área fiscal.

Existe um componente favorável, que é a exportação de commodities. O preço está favorável, o que o câmbio atual amplifica. Mas, isso é apenas um vetor. O Brasil conseguiu aproveitar melhor o último boom das commodities, entre 2003 e 2007, porque o País vinha em uma trajetória de melhora na condição fiscal, que começou ainda no governo FHC e continuou nos primeiros anos do governo Lula. O câmbio sempre responde ao crescimento econômico e à capacidade de pagamento do País. Lá atrás, o contexto internacional era favorável e o Brasil crescia impulsionado pelo crédito e melhorava seus indicadores fiscais. Agora, o mundo está se recuperando, mas o Brasil está um pouco atrasado e com uma piora nas contas públicas. É precisamos reverter os dois elementos. As condições do boom das commodities estão novamente presentes, mas é preciso vencer essas barreiras. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.