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16/Abr/2021

Grãos: perdas ainda seguem expressivas no Brasil

Embora os investimentos em rodovias e no transporte multimodal de grãos venham aumentando no país, as perdas de soja e milho relacionadas às atividades logísticas continuam a ceifar parte dos lucros de produtores e tradings. Em 2020, caíram pelas estradas e esteiras transportadoras 1,58 milhão de toneladas de soja e 1,34 milhão de toneladas de milho, segundo levantamento do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (EsalqLog). Em termos percentuais, as perdas, de 1,17% da produção da soja e de 1,27% do milho, são pequenas, mas elas corresponderam, respectivamente, a R$ 3,19 bilhões e R$ 1,31 bilhão nessas culturas. Os cálculos quantificam perdas físicas nos transportes rodoviário, multimodal ferroviário (integração de rodovia e ferrovia), multimodal hidroviário, armazenagem, portos e transporte rural das fazendas aos armazéns. Nos Estados Unidos, as perdas são praticamente inexistentes. Então, pode-se falar de um grande desperdício no Brasil pela falta de cuidados.

Em volume, as perdas têm crescido desde 2010, em linha com o aumento da produção, mas, em termos relativos, há estabilidade, com percentuais de 1,17% a 1,25% ao ano. Um dos maiores vilões do desperdício é o transporte do campo até os armazéns localizados fora das fazendas. A necessidade de levar os grãos em caminhões, na maior parte das vezes em estradas não pavimentadas e em condições precárias, faz cair muita soja e milho. Mas também há perdas no armazém. No caso do milho, 61,59% das perdas foram causadas pela necessidade de armazenagem, seguida pelas perdas nas rodovias (12,2%), no transporte multimodal ferroviário (8,69%), no transporte rural da fazenda ao armazém (6,5%), nos portos (6,41%) e no multimodal hidroviário (4,54%). Para a soja, a armazenagem foi responsável por 52,3% das perdas, seguida pelas perdas nos portos (13,1%), no transporte rodoviário (12,7%), no transporte multimodal ferroviário (11,3%), no transporte rural das fazendas aos armazéns (5,5%) e no transporte multimodal hidroviário (5%).

Quando se pensa no custo para exportar grãos, o uso de multimodais é vantajoso, mas cada troca de lugar das cargas é um fator de perda. Na armazenagem, as correias transportadoras não fechadas permitem o desperdício de grãos, o que não acontece nos Estados Unidos, onde os corredores de transporte são fechados. Além disso, 70% dos produtores do “Corn Belt” norte-americano têm armazéns dentro da fazenda. No Brasil, esse percentual é inferior a 15%. Nos Estados Unidos, os caminhões também são mais novos e fechados, e o descarregamento é por baixo dos veículos, sem falar que as rodovias norte-americanas, mesmo as menores estradas rurais, costumam ser pavimentadas. As perdas não são só culpa das estradas, como se imagina, e não chegam a 30%, como se aventou no passado. Os gestores de transporte e armazenagem precisam criar políticas para mitigar as perdas. A melhoria das estradas vicinais e rurais e a implantação de sistemas fechados de descarregamento também podem reduzir o desperdício. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.