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16/Abr/2021

Desmatamento: Brasil precisa mostrar resultados

Ao tratar da importância do comprometimento do governo brasileiro com a proteção ambiental, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, reconheceu que o tema ambiental é importante também para a entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A declaração não foi um ultimato, mas, revelou, acima de tudo, uma oportunidade para o Brasil. Há ainda espaço para o governo de Jair Bolsonaro reverter a imagem de inimigo do meio ambiente, comprometendo-se de forma efetiva com as metas do Acordo de Paris. Nos dias 22 e 23 de abril, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, será o anfitrião da Cúpula dos Líderes sobre o Clima, evento virtual para o qual foram convidados 40 chefes de Estado; entre eles, o presidente Jair Bolsonaro. A Cúpula enfatizará a urgência e os benefícios econômicos de uma ação climática mais forte.

A reunião é, portanto, oportunidade para o governo brasileiro adotar e proclamar uma nova e efetiva política ambiental. A declaração do embaixador dos Estados Unidos no Brasil é também um aviso de que, até agora, os movimentos do governo Bolsonaro em relação à proteção ambiental foram insuficientes. Mais do que palavras, o governo norte-americano quer compromissos concretos. Os Estados Unidos negociam com o governo brasileiro um acordo relativo à preservação da Floresta Amazônica. Ao longo dos dois primeiros anos do governo Bolsonaro, constatou-se um perigoso aumento do desmatamento na região. Esse quadro oferece a oportunidade tanto a Joe Biden de apresentar uma vitória na área ambiental como a Jair Bolsonaro de reverter a lamentável imagem do País no cenário internacional.

Aliás, maior ambição na defesa do clima foi precisamente o pedido feito ao presidente da República por um grupo de 34 lideranças empresariais, por meio do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). No documento “Neutralidade Climática: uma grande oportunidade”, os empresários pedem que o Brasil se comprometa com a neutralidade de emissões de carbono em 2050, e não em 2060, como foi anunciado pelo governo em dezembro. Segundo o grupo, metas mais ambiciosas trarão benefícios econômicos (com geração de empregos e novos investimentos), comerciais (maior poder de negociação no mercado internacional), ambientais (com redução dos gases de efeito estufa) e reputacionais (reafirmando o protagonismo histórico brasileiro). Nesse maior compromisso com o meio ambiente, o CEBDS pede que o governo brasileiro não condicione as metas ambientais ao recebimento de recursos externos.

Em 2020, o Ministério do Meio Ambiente afirmou que a meta de neutralidade da economia poderia ser antecipada, caso o Brasil recebesse, a partir de 2021, US$ 10 bilhões por ano. Em menos de um ano, é a segunda vez que lideranças empresariais pedem que o governo Bolsonaro assuma um compromisso ambiental. Em julho de 2020, empresários pediram, em carta ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, uma política efetiva de proteção da Floresta Amazônica. A percepção dos empresários, o Brasil tem condições de adotar uma política ambiental compatível com as metas assumidas no Acordo de Paris, para mitigar as mudanças climáticas. A nova política externa norte-americana, com Joe Biden dando centralidade à questão ambiental, é oportunidade para uma nova atitude do governo brasileiro. Uma política ambiental responsável interessa, em primeiro lugar, aos brasileiros. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.