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12/Abr/2021

FIOL: falta de competição em leilão é preocupante

A produtora de minério de ferro Bahia Mineração (Bamin) arrematou trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) com lance único e sem ágio em leilão do governo federal no dia 8 de abril. O movimento deve ser crucial para a sobrevivência da companhia, que passa a ter mais competitividade frente a concorrentes de peso no Brasil. O leilão ofereceu o trecho de 537 quilômetros de extensão da Fiol, entre as cidades de Ilhéus e Caetité, na Bahia, num contrato de 35 anos. A Bamin, controlada pelo Eurasian Resources Group (ERG), do Cazaquistão, ofereceu o valor mínimo da outorga, de R$ 32,7 milhões. Os investimentos estimados pelo governo para o projeto são de R$ 5,4 bilhões no trecho. Além do minério de ferro, espera-se que a ferrovia possa transportar grãos do oeste da Bahia, uma vez que a Fiol se liga ao Porto Sul, em Ilhéus. A Bamin trabalha para construir um Terminal de Uso Privado (TUP) no local.

Uma empresa relevante de minério de ferro precisa ter, necessariamente, um projeto de logística integrada. Se a mina não for ligada a um porto por ferrovia, ou mesmo um mineroduto, como é o caso da Anglo American com o projeto Minas-Rio, o transporte por caminhão acaba inviabilizando a operação pelo alto custo. Esse foi o estímulo da Bamin para arrematar a Fiol 1. Atualmente, a companhia produz cerca de 1 milhão de toneladas de minério de ferro e a expectativa é dobrar esse volume em 2022. Mas, as líderes do mercado, hoje, produzem muito mais. A Vale trabalha para chegar a 400 milhões de toneladas ao final do ano que vem e a CSN quer avançar dos atuais 33 milhões para mais de 100 milhões de toneladas no médio e longo prazo. Embora a diferença dos volumes de produção da Bamin frente às líderes do setor seja expressiva, a mineradora baiana deve ter uma posição de destaque no mercado no futuro.

A mina da companhia em Caetité, Pedra de Ferro, poderá produzir até 18 milhões de toneladas. Enquanto a Bamin trabalha para atingir esse volume, as mineradoras vêm se beneficiando dos altíssimos preços do minério de ferro nos últimos 12 meses, que vêm registrando picos históricos. O caixa das mineradoras de baixo custo e alta qualidade vem sendo inundado e, neste cenário, a Bamin se capitaliza para o futuro. A viabilidade do projeto da Bamin dependia da Fiol ou de um contrato de transporte de longo prazo por ferrovia, que invariavelmente está sujeito a intempéries e pode ser revisto ou até rescindido. Para a estabilidade do negócio da Bamin, a Fiol é essencial. Empresas como a Rumo, por exemplo, seriam candidatas naturais ao leilão da Fiol, porém, a Bamin acaba sendo a maior interessada no ativo. O trecho leiloado da Fiol serve uma área muito específica, que hoje interessa majoritariamente à Bamin. Cerca de 70% da capacidade da Fiol deverá ficar disponível para outras cargas.

Os investimentos na ferrovia devem ser escalonados, com recursos próprios. O lance na Fiol possibilita, inclusive, que a mineradora possa ser vendida no futuro, um tipo de operação comum no setor. Agora, a Bamin está mais valorizada e pode até mesmo ser vendida para um grupo maior. Esperava-se, no mercado, que ao menos um grupo chinês participasse do leilão da Fiol. No entanto, a Bamin foi a única a dar lance, sem ágio, o que significa que a aposta da mineradora era de um leilão de pouca ou nenhuma competição. Embora o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, tenha falado inúmeras vezes sobre o sucesso do leilão da Fiol, a ausência de competição acaba gerando dúvidas sobre o sucesso dos próximos certames na área, especialmente em projetos muito mais complexos. O ministro afirmou que o governo já trabalha nos projetos de concessão dos outros dois trechos da Fiol, que deve se conectar no futuro à Ferrovia norte-sul. Os valores de investimentos na Fiol são muito altos, com períodos longos de obras sem receita. O desafio para o governo, daqui para frente, é enorme. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.