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09/Abr/2021

Delivery de comida: pedido uso de menos plásticos

O crescimento vertiginoso de serviços de entrega de comida por aplicativos como iFood e Uber Eats trouxe, sobre suas motos e bicicletas, um problema monumental para o meio ambiente: a produção de bilhões de itens de plástico descartável, material não reciclável e que acaba indo para o lixo comum. O problema tem incomodado alguns usuários do serviço, sendo que parte deles, inclusive, tem deixado de pedir comida, por causa do volume de plástico gerado em qualquer refeição que se peça. Essa insatisfação acaba de ser medida por uma pesquisa contratada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela organização Oceana. Foram entrevistados mil usuários desses serviços, via internet, entre 6 e 14 de março. Ao serem questionados sobre o tema, 72% dos consumidores responderam que gostariam de receber pedidos de delivery de comida sem plástico descartável, ou seja, com algum tipo de embalagem que fosse biodegradável e não agredisse o meio ambiente.

O plástico usado em embalagens de comida é um produto de baixa qualidade para ser reciclado, porque está praticamente no fim de sua "vida útil" e não tem valor comercial. Em outras palavras, vai direto para o meio ambiente, com a maior parte indo parar nos oceanos. Entre os entrevistados, 15% declararam que já deixaram de solicitar o serviço por se sentirem incomodados com a quantidade de plástico recebida. São talheres, pratos, copos, sachês, canudos e mexedores, muitos, na maioria das vezes, sequer pedidos pelo comprador. Para a maioria dos consumidores (86%), as empresas de aplicativo têm tanta ou mais responsabilidade que os restaurantes nas entregas livres de plástico descartável. Por isso, deveriam se unir aos comércios para oferecerem alternativas de embalagem. Uma parcela de 30% declarou que os aplicativos têm papel fundamental nessa mudança de hábito. De cada 100 pessoas entrevistadas, 88 disseram que não gostariam de receber algum item de plástico em seus pedidos.

A maioria dos consumidores não quer receber canudos e mexedores de bebidas (53%); talheres, como garfos, facas, colheres (52%); e copos de plástico (47%). A Oceana, ao lado do programa da ONU, negocia uma iniciativa com os aplicativos de comida, para que ofereçam, efetivamente, outras alternativas de embalagens e incentivem a redução de plástico pelos restaurantes. A pesquisa mostra que o consumidor quer atitudes efetivas dessas empresas, mudanças que tragam resultado, e já há exemplos disso no mundo. Em Cingapura, por exemplo, foi feito um acordo com a WWF e a indústria de delivery, pedindo a redução de plástico. Essa iniciativa terá potencial de reduzir 1 milhão de itens de plástico por semana em Cingapura. A campanha Mares Limpos no Pnuma afirma que uma ação imediata é exigir que o consumidor opte, a cada compra, os itens que não quer receber. Já há mecanismos para que os restaurantes ofereçam a escolha ou não dos itens.

Mas, mais do que isso, esses aplicativos precisam assumir parte da responsabilidade que têm nesse processo, é o usuário que está cobrando. Dos mil entrevistados, 74% declararam usar o iFood para fazer pedidos de comida. Outros 31% citaram o Uber Eats e 26% mencionaram aplicativos dos próprios restaurantes. A pesquisa aponta que o iFood realizou nada menos que 48 milhões de entregas por mês, em 2020. Considere uma média de cinco itens de plástico por pedido, e chega-se a 250 milhões de itens lançados no meio ambiente, todo mês. O aumento dos pedidos de entrega também ampliou o consumo de descartáveis. O Brasil produz anualmente 3 milhões de toneladas de plásticos de uso único. Desse total, 13% são produtos como pratos, copos, talheres, sacos plásticos e canudos. Isso equivale a 200 bilhões de itens descartáveis por ano. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.