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01/Abr/2021

Consumo vai retornar ao patamar de 2015 e 2016

O espaço para o consumo está se estreitando no Brasil e os gastos das famílias devem cair neste ano, voltando para os patamares de 2015 e 2016, quando o país enfrentava sua maior recessão. Há indicadores desanimadores. O índice de desemprego é crescente, a inflação acelerou, a pandemia de Covid-19 faz milhares de vítimas diariamente e leva a novos bloqueios de atividades, enquanto o auxílio emergencial não chega para quem precisa. Estudo da XP Investimentos mostra que as vendas do varejo restrito devem mostrar queda de 5,5% no primeiro trimestre em relação aos três últimos meses de 2020. Pelo conceito ampliado, que inclui automóveis e materiais de construção, a baixa deverá ser mais intensa, de 6,5%. A dinâmica vai se refletir no consumo das famílias dentro do Produto Interno Bruto (PIB), que poderá ter quedas de 0,4% e 0,9% no primeiro e segundo trimestres, sempre em relação aos três meses anteriores.

Parte da influência negativa virá dos números de março, que podem mostrar queda de 10% do varejo ampliado ante fevereiro. As multinacionais estão preocupadas com as questões econômicas no Brasil, não só pela pandemia. Principalmente as mais expostas a preços de commodities. Não é de se esperar volumes maiores no segundo trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado, quando houve aumento nas vendas de produtos de consumo básico. Ao menos 55% das famílias brasileiras tiveram retração de renda e ela não se recupera no mesmo ritmo que a retomada das atividades acontece. Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o índice médio de desocupação para o ano de 2020 foi de 13,5%, o maior desde 2012. A inflação em 12 meses medida pelo IPCA está acumulada em 5,20%, no limiar do teto da meta, que é de 5,25%. Nesse cenário, o consumidor está mais receoso com o futuro e menos disposto a gastar.

Em março, o índice de confiança do consumidor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV) chegou a 68,2 pontos, o menor valor desde maio, mês em que os primeiros beneficiários do auxílio emergencial começaram a receber o pagamento. A medida aumentou a receita de mais de 68 milhões de pessoas em 2020. Segundo a Kantar, o consumidor está mais pessimista do que estava no passado. Agora, o espaço para o consumo está menor. O consumidor, que teve acesso a novas categorias no ano passado por causa do “coronavoucher”, terá de manter as compras somente do básico. A classe baixa já está abrindo mão de vários itens, como carne e certos itens de higiene pessoal. Pesquisa feita pela Kantar mostra que os gastos de quem recebeu o auxílio ficaram especialmente concentrados em itens essenciais, como os perecíveis e de higiene e limpeza, mas houve maior acesso a produtos de maior valor. Agora, a renda para o consumo discricionário da classe média para baixo está achatada. Alimentos, produtos de beleza, higiene e limpeza vão continuar, mas o restante cai.

Segundo a GfK Brasil, consumo se ganha em massa, não se move com a minoritária classe A, que continua comprando. Esse quadro faz com que o investimento das empresas em marketing ganhe ainda mais importância para manter a vontade do consumo. Segundo a Nielsen, o consumidor está mais racional tanto nas classes de menor renda como na classe média. Mais que marcas baratas, o consumidor vai buscar custo-benefício. A pessoa não pode ‘errar’ na compra. Há maior procura por produtos de marca própria e embalagens econômicas. Além disso, segundo o Instituto Consumoteca, a intensificação da digitalização do consumo no ano passado também deixou o consumidor mais pragmático. No consumo mais digital, não se tem a mesma fidelização à marca, vale mais o que tiver condição mais vantajosa. Para a KPMG, alguma retomada deve ficar para os últimos meses de 2021 e começo de 2022. O último trimestre do ano deve ser pelo menos de estabilidade. Mas, vai piorar muito para melhorar. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.