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01/Abr/2021

Bioeconomia: estudo traça oportunidades ao Brasil

Mudanças climáticas, desmatamento e degradação das florestas, ocupação territorial desordenada e insuficiência de saneamento básico são hoje os principais desafios socioambientais que o Brasil enfrenta. Na mesma proporção, são inúmeras as oportunidades para empreender e investir em negócios que tenham impacto positivo. Para mapear iniciativas em sete setores da agenda ambiental, a plataforma de inovação multissetorial Climate Ventures e o think tank Pipe.Labo se debruçaram sobre o tema. Feito em parceria com a Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto e com o apoio do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Humanize, Cargill e Fundo Vale, o estudo “A onda verde: oportunidades para empreender e investir com impacto ambiental positivo no Brasil” sintetiza 29 bons exemplos em 7 setores-chave: agropecuária; florestas e uso do solo; indústria; logística e mobilidade; energia e biocombustíveis; gestão de resíduos; e água e saneamento.

Atualmente, há uma explosão da pauta ESG (sigla em inglês para aspectos ambiental, social e de governança) porque as lideranças das empresas estão entendendo que isso afeta diretamente a performance do negócio. Mas, precisa diferenciar ESG de impacto real. Ambas as pautas precisam ser apoiadas e se desenvolver, mas nossa ideia é impulsionar negócios que já nascem com esse DNA de resolver e trazer impactos socioambientais positivos. Surgiram novos fundos para fomentar essa economia, como o programa de aceleração da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), Althelia Biodiversity Fund Brazil e Amazon Fund, mas todos reclamam da falta de pipeline. Eles querem opção de investimento em negócios de impacto ambiental e não tem oferta nem no Brasil nem na América Latina. Ou seja, o Brasil está perdendo muito dinheiro, apesar de ser o país com maior potencial no mundo para negócios da bioeconomia. O País precisa focar em uma economia socioambiental nos próximos 20 anos. O setor privado está interessado e vai direcionar onde quer colocar seu capital.

Um movimento que começou com o Acordo de Paris, há pouco mais de cinco anos, deu o pontapé inicial para a migração de investimentos da economia tradicional para negócios com soluções sustentáveis, como carbono zero, proteínas alternativas à carne bovina e uso de energias renováveis. Ao mapear os desafios ambientais, o estudo Onda Verde joga luz sobre dezenas de oportunidades, tanto para empreendedores quanto para grandes empresas, investidores e governos, de se alinharem e lucrarem com essa agenda. Os 29 negócios levantados, alguns mostrados nesta página, exemplificam dores a resolver e soluções inovadoras que estão em curso. Depois do estudo, a intenção é lançar um programa de impulsionamento para negócios que já existem, mas estão no “vale da morte”. São empresas e marcas que, apesar de terem grande potencial, não conseguem acessar os fundos de investimentos ou o mercado consumidor.

O Morada da Floresta, case de gestão de resíduos apontado pelo estudo, criou sistemas de compostagem residencial e empresarial no próprio local, evitando transporte e desperdício. A Morada da Floresta possui marcas próprias para compostagem doméstica (composteira Humi), para menstruação sustentável (Ecoabs) e ainda produtos para a primeira infância (Bebês Ecológicos). A composteira Humi foi lançada em 2017 e ganhou medalha de prata no Brazil Design Award, principal prêmio de design do País. Paralelamente às linhas de produtos domésticos, a empresa também trabalha o B2B, desenvolvendo projetos de compostagem e educação ambiental para empresas, escolas, condomínios, indústrias e em parceria com prefeituras. Todas as marcas têm foco na redução de resíduos. Desde a fundação da Morada da Floresta, em 2009, até a conclusão de 2020, as vendas de fraldas ecológicas contribuíram para reduzir mais de 10,5 milhões de fraldas descartáveis que iriam para os aterros sanitários.

Apoiar pequenas e médias empresas alinhadas com a pauta ESG sempre foi o propósito da Openbox.ai, fintech de antecipação de recebíveis que oferece taxas menores a pequenos negócios com práticas sustentáveis. Além de lançar o portal PME Sustentável, que serve de balizador do mercado, a empresa passou a oferecer a Certificação de Índice de Ações Sustentáveis (IAS) em parceria com a Ecocert. Dependendo do nível atingido, um cálculo vai diminuindo a taxa de antecipação de crédito, podendo chegar até 1,9%. Gratuita e online, a ferramenta avalia os negócios por meio de um questionário que usa 48 critérios para mensurar o nível de desenvolvimento sustentável dentro de cinco grandes grupos: ambiental, social, proteção ao consumidor, solidariedade econômica e comprometimento da empresa. A certificação pode ser obtida também por negócios que não usam o crédito Openbox e ajuda na qualificação na hora de conseguir crédito ou vender serviços. O impacto disso é exponencial porque as grandes empresas podem apresentar a solução aos fornecedores e ter uma cadeia cada vez mais certificada. A sociedade ganha como um todo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.