26/Mar/2021
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) informou que já iniciou reuniões com as Federações de Agricultura para debater as propostas para o próximo Plano Safra, referente ao ciclo 2021/2022. Na semana que vem, a CNA deve lançar uma pesquisa mais direcionada aos produtores ligados à assistência técnica do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). O Senar já assistiu mais de 140 mil produtores rurais, que têm demandas diferenciadas e acessam crédito rural principalmente por meio do Pronaf (voltado aos agricultores familiares) e o Pronamp (médios produtores). Entre as discussões que estão ocorrendo, há dois pontos estruturantes: um é o spread bancário, ou o custo administrativo e tributário dos bancos para conceder crédito ao produtor rural. É um peso muito grande nos custos dos bancos, mesmo com os juros básicos da economia mais baixos.
Tem uma série de fatores que contribuem para isso, desde exigências de fiscalização por parte do Banco Central, até diferenças entre os bancos. Bancos cooperativos, por exemplo, têm custos muito menores e algumas linhas de investimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As linhas de investimento que deveriam ser mais caras são mais baratas que de custeio. Foram iniciadas discussões com o Ministério da Economia e da Agricultura para tentar reduzir esse custo, para dar eficiência à equalização no crédito rural, deixando o principal recurso ao produtor rural. Outra medida estruturante é a questão da regulamentação internacional do crédito rural. Todo setor econômico tem um fator de risco para que o banco possa emprestar o recurso. O crédito rural representa 9% do crédito no Brasil.
Alguns bancos afirmam que o crédito rural acaba sendo classificado como 'outros', onde entra por exemplo o cartão de crédito, cujo fator de risco é 85%. No crédito imobiliário, por exemplo, o fator de risco é de 35%. Ou seja, no crédito rural o banco tem de guardar 3 vezes mais dinheiro para emprestar para o produtor. Porém, o crédito rural tem algumas garantias, como seguro rural, o penhor de safra e tantas garantias que colocariam o setor em fatores menor de risco, em que o banco poderia emprestar muito mais e guardar muito menos. Esta é uma das agendas que estão sendo discutidas desde o ano passado. Então, é preciso dar eficiência ao crédito rural, pois o spread bancário faz o produtor perder eficiência. A entidade também defende uma regulamentação mais detalhada do crédito rural. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.