26/Mar/2021
O Plano Safra para a temporada 2021/2022, que o governo federal anunciará antes de julho, deve ter um volume de recursos superior aos R$ 236,3 bilhões ofertados em 2020/2021. A estimativa é de que o total pode ser 8% a 10% maior, de R$ 255 bilhões a R$ 260 bilhões. O incremento seria possível porque os depósitos à vista, ou seja, o dinheiro depositado em conta corrente, aumentou significativamente no ano passado, assim como a poupança rural, porque a insegurança gerada pela pandemia de Covid-19 levou o brasileiro a restringir gastos e deixar o dinheiro parado na conta. Parcela relevante do crédito concedido ao agronegócio no Plano Safra, em torno de 30%, vem justamente dos depósitos à vista. A previsão atual é de que o volume oriundo de depósitos à vista a ser destinado ao agronegócio em 2021/2022 fique próximo de R$ 72,5 bilhões, 28,2% acima dos R$ 56,6 bilhões direcionados ao setor no ciclo 2020/2021. Esse valor a mais já considera a redução prevista, em 2021, do percentual de depósitos que deve obrigatoriamente ser aplicado em crédito rural, de 27,5% para 25%.
Dos R$ 72,5 bilhões, 22% ou R$ 15,9 bilhões iriam para o Pronaf (programa de apoio à agricultura familiar), majoritariamente para custeio; 28% ou R$ 20,3 bilhões para o Pronamp (programa voltado a médios produtores), e 50% ou R$ 36,3 bilhões para outros produtores. Segundo o Banco do Brasil, no ano passado, as pessoas gastaram menos e ocorreu o que é chamado de poupança circunstancial ou por preocupação. Em anos anteriores tanto os depósitos à vista como em poupança vinham caindo porque as pessoas estavam buscando outras aplicações mais rentáveis. Por conta disso, a expectativa é de ter mais recursos para o Plano Safra. O Banco do Brasil é maior financiadora do setor no País. Segundo o Bradesco, o que aconteceu em 2020 e que deve contribuir para a oferta de crédito rural em 2021 é que os depósitos à vista dos principais bancos foram muito fortes. Então, deve haver mais recursos para serem aplicados no agronegócio e o Plano Safra deve ser maior. O Bradesco deve entrar na safra 2021/2022 com R$ 12,5 bilhões provenientes de depósitos à vista, que necessariamente serão aplicados na agropecuária.
Na safra 2020/2021, o banco contou com R$ 10,9 bilhões da mesma fonte. Segundo o Itaú BBA, o governo tem sinalizado a intenção de fortalecer o volume direcionado à agricultura familiar e a médios produtores, por meio do Pronaf e Pronamp, e que por isso tem expectativa de restrição de recursos para produtores não enquadrados nestas categorias. Mas, os recursos livres (com taxas de juros de mercado) crescem conforme o apetite dos bancos. Em 2020/2021, dos R$ 179,38 bilhões previstos para custeio, R$ 130,61 bilhões foram para grandes produtores, dos quais a maior parte, R$ 76,88 bilhões, com juros de mercado, e R$ 53,74 bilhões com taxas controladas. Para médios produtores, foram R$ 29,36 bilhões, com taxas controladas (equalizadas e sem equalização), e aos agricultores familiares foram oferecidos R$ 19,4 bilhões, também com taxas de juros com teto. A previsão de que o governo reduzirá o percentual dos depósitos a ser destinado ao crédito rural, de 27,5% para 25%, não deve impedir o anúncio de um plano maior.
Entidades do setor agropecuário do Paraná solicitam a manutenção do percentual de 27,5% para os depósitos à vista, e de 59% para a poupança rural. Os bancos, porém, enxergam poucas chances de isso ocorrer. Segundo o Santander Brasil, não há perspectiva de o governo voltar atrás na decisão de reduzir a exigibilidade deste ano e do próximo. Pode ser que, por conta da pandemia, a decisão seja postergada, mas isso não deve ocorrer. Para o banco do Brasil, é possível que a equipe de política monetária decida reduzir a exigibilidade (o percentual) para destinar mais dinheiro para a economia em geral. O Bradesco pondera que, mesmo com um possível aumento do volume total a ser anunciado pelo Ministério da Agricultura, é preciso lembrar que os custos de produção subiram bastante de um ano para cá. Uma série de itens teve aumento de custos, como óleo diesel, insumos. Para cultivar a mesma área já vai ser preciso uns 30% a mais, e a perspectiva é de aumento de área plantada. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.