26/Mar/2021
Foco de atenção do agronegócio, as taxas de juros em 2021/2022 devem permanecer nos patamares atuais, no melhor dos cenários. A alta recente da taxa básica de juros, de 2% para 2,75% ao ano, e a perspectiva de novas elevações ao longo de 2021 aumentam o custo de captação de dinheiro pelos bancos e a pressão sobre o Tesouro por mais equalização das taxas. Isso vale para instituições que contam com subsídio governamental, como Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Sicredi, Bancoob, Cresol, Banrisul e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Já bancos privados têm de oferecer as linhas com taxas controladas sem apoio do Tesouro. Não deve haver queda na de taxa de juros, e sim em manutenção das taxas ou para cima. Para o Santander Brasil, a previsão do mercado para a Selic até o fim do ano é de 5% ao ano, e isso deve ter impacto no novo Plano Safra, com certeza.
O Banco do Brasil informou que acompanha o CDI de curto prazo (que segue a Selic) e o CDI de longo prazo. Quando essa taxa sobe, significa que a demanda por equalização do Tesouro aumenta. O Itaú BBA avalia que as expectativas de aumento da Selic, nas curvas de mercado e projeções do banco, indicam não haver espaço para redução de taxa teto das taxas. O Tesouro equaliza taxas não somente de novas linhas de custeio, que tomam a Selic como referência, como também linhas de investimentos de longo prazo que se baseiam em juros futuros. Se estes juros sobem, o custo de captação dos bancos acompanha, o que implicaria aumento das taxas cobradas de clientes. Para manter níveis mais baixos, o Tesouro complementa a remuneração dos bancos. Na quarta-feira (24/03), a taxa de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 estava em 8,42% ao ano. Na safra atual, 2020/2021, as taxas de juros controladas para linhas de custeio vão de 2,75% a 4% ao ano para agricultores familiares (13% abaixo de 2019/2020), 5% para médios produtores (-16,7%) e 6% para os demais produtores (-25%).
Nas linhas de investimentos, as taxas atuais são de 4,5% e 6% ao ano no Programa ABC, 5% e 6% no PCA (estímulo à armazenagem), 7,5% ao ano para Moderfrota, 6% para Inovagro, Pronamp, Moderinfra e Moderagro, e 7% para Prodecoop e Procap-Agro, todas mais de 11% menores que as taxas de 2019/2020 para investimentos. Não há espaço para que o volume do Tesouro destinado às equalizações aumente de R$ 11,5 bilhões para R$ 15 bilhões, como pedem entidades do setor agropecuário. É difícil ver crescer os R$ 11,5 bilhões. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina tem trabalhado forte nisso, mas o País tem um problema fiscal. A tendência é de manutenção dos juros. Apesar de parte do setor avaliar as taxas atuais como altas, a procura por crédito está aquecida. Considerando a forte demanda, essa taxa foi interessante para uma parcela grande dos produtores. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.