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26/Mar/2021

Medidas para conter Covid-19 impactam o varejo

As medidas de lockdown decretadas nas principais cidades do País para conter o avanço da pandemia, com o fechamento de comércios não essenciais, já começa a ter impacto na indústria. Com as lojas físicas sem poder funcionar nos grandes mercados consumidores, os varejistas seguram novas encomendas e pedem para adiar as entregas e os pagamentos de pedidos já feitos. O temor do comércio é acumular estoques indesejados por falta de demanda. Diante dessa freada brusca no consumo que vinha se recuperando, indústrias correm o risco de reeditar o cenário que houve em abril do ano passado, quando a produção parou por causa da primeira onda de Covid-19. Segundo o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), desde a semana passada, o varejo já começou a segurar pedidos para não acumular estoques. A entidade reúne 73 varejistas, boa parte das maiores empresas do comércio.

Juntas essas companhias faturam R$ 411 bilhões anualmente e têm cerca 34 mil lojas no País. As varejistas estão segurando os pedidos diante da falta de horizonte de quando a vacinação em massa vai ocorrer e a vida voltar ao normal. O comércio eletrônico, cuja participação no volume de vendas dobrou no último ano, é uma alternativa para o varejo continuar faturando, mesmo com a proibição de abertura das lojas físicas. No entanto, as vendas online ainda representam muito pouco do total do comércio. Antes da pandemia, o e-commerce respondia por cerca de 5% da receita de vendas do varejo e, no ano passado, atingiu 10%. Esse adiamento de pedidos vai afetar a produção da indústria de produtos não essenciais e o impacto deve variar de empresa para empresa. Cada companhia tem um ‘turnover’ de inventário e isso é questão de semanas.

A Multilaser, uma das maiores indústrias nacionais de eletroeletrônicos, que fabrica tablets, televisores, computadores, smartphones, por exemplo, já registra por parte dos clientes varejistas o adiamento por 30 dias das entregas e do pagamento das encomendas. Cerca de 20% dos pedidos estão com pagamento e entrega prorrogados. É uma situação incômoda porque a empresa trabalha com nível de estoques de componentes para nove meses, muito acima da média do mercado, que é de cinco meses. O movimento atual é semelhante ao que houve também em 2020 por conta da primeira onda de Covid-19. É uma reedição de abril de 2020. Desde que a atividade reabriu e a demanda por eletrônicos foi retomada, a empresa tem enfrentado nos últimos meses problemas de falta de matérias-primas e componentes importados usados na produção. Por isso, passou a trabalhar com dois turnos e meio, quando o normal seriam três turnos.

Diante do novo lockdown, o problema maior é o adiamento dos pedidos do varejo e não a falta de componentes, que vem ocorrendo em função da retomada da economia global. Sondagem recente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) mostra que 35% dos associados enfrentam atrasos de produção e entregas ao varejo. Em 10% das fábricas, parte da produção já teve que ser paralisada em razão da falta de componentes eletrônicos. Agora, no entanto, com essa freada nas compras do varejo, provavelmente essa situação pode ser atenuada. Cinco montadoras veículos já suspenderam na última semana a produção colocaram cerca de 30 mil trabalhadores em casa sob a justificativa de restringir a circulação de pessoas e conter o avanço da pandemia. Mas, na prática, as concessionárias que revendem esses veículos estão proibidas de funcionar por causa das medidas de lockdown e praticamente sem vendas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.