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18/Mar/2021

Preocupação com a possível estagflação no Brasil

As renovadas revisões para cima nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recentemente, além de novas pressões inflacionárias no varejo e no atacado, enquanto a economia não avança, sustentam o debate da volta de uma estagflação ao Brasil. A preocupação aumenta com a adoção de medidas mais restritivas em várias localidades pela pandemia do coronavírus, após reduções nas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB), que pode registrar recessão técnica no primeiro semestre. Contudo, sinais de aceleração na retomada de grandes economias, além da esperança de avanço da vacinação no País, apoiam a ponderação de que a fase pode ser passageira. Muitos analistas admitem acompanhar o assunto com preocupação, embora sejam parcimoniosos em taxar que o País passa por um processo de estagflação (combinação de estagnação econômica com a alta de preços).

Essa fase de encarecimento de vários produtos da cesta de preços dos brasileiros juntamente com fragilidade da atividade tende a ser temporária e cíclica. A situação atual reflete uma inflação resultante de um choque no dólar e em algumas commodities. Concomitantemente, não tem crescimento. Então, neste exato momento, alguns consideram que existe estagflação, porém a economia não deve seguir estagnada. A retomada econômica global tendo como carro-chefe Estados Unidos e China deve amparar ou até mesmo impulsionar o Brasil. Mas, o fato de o Real brasileiro ser a moeda com maior desvalorização do mundo nos últimos doze meses e a inflação acelerar mesmo numa recessão (com o Brasil provavelmente entrando em estagflação) não são obras do acaso. O País tem enfrentado de modo muito ineficiente as crises sanitária, econômica, política e ambiental nos últimos trimestres.

Alguns economistas discordam que o Brasil esteja vivendo esse processo, porque, é um fenômeno circunscrito a alguns trimestres, não uma questão estrutural. Estagflação normalmente é uma questão econômica mais estrutural, como em 2015, com uma recessão gigantesca e a inflação quase em 11%. O que está acontecendo agora é que são vários fatores de curto prazo que apontam para alta da inflação e redução da atividade devido às medidas de restrição de mobilidade. Não é que a atividade subjacente aponte para uma recessão. O movimento é muito concentrado no tempo para ser estagflação. É algo pontual, uma “tempestade perfeita”, uma combinação infeliz do pior momento da inflação com a segunda ou terceira onda da pandemia de Covid-19. Agora, o Banco Central começa a normalizar os juros pensando na inflação do próximo ano. O País em uma ociosidade no setor de serviços, desemprego elevado, câmbio depreciado e um quadro de instabilidade política que estão pressionando a inflação.

Então, estagflação pode não ser uma realidade. Se o Brasil endereçar uma aceleração do processo de vacinação, como os Estados Unidos, a tendência é que esse efeito restritivo para conter a pandemia seja pontual na atividade. A economia deve se recuperar em algum momento no segundo semestre, com o avanço da vacinação e a normalização da atividade e o risco é um aumento mais forte dos preços de serviços diante da demanda reprimida. Por isso pode não ser considerada estagflação, e sim inflação com crescimento. A despeito de a situação preocupar, dificilmente seria de outra forma, por causa do novo coronavírus que pegou o mundo de surpresa. O Brasil estava começando a ter seus fundamentos um pouco mais equilibrados antes da doença afligir o planeta. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.