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16/Dez/2022

Exportações de milho dos EUA estão enfraquecidas

O relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado no dia 9 de dezembro, não trouxe maiores surpresas para o mercado de milho, como já se esperava. Ainda assim, merece destaque o corte da estimativa de exportação de milho norte-americano no ciclo 2022/2023, para 52,71 milhões de toneladas. Caso esse seja o resultado alcançado no fim de agosto de 2023, o volume comercializado pelo país ficaria mais de 10 milhões de toneladas abaixo do alcançado na safra 2021/2022, em 62,78 milhões. Esse corte da estimativa de exportações dos Estados Unidos acompanha o desempenho mais fraco das vendas e dos embarques. Até o dia 1º de dezembro, tinham sido negociadas 19 milhões de toneladas da safra 2022/2023 para exportação, volume que corresponde praticamente à metade das 36,56 milhões registradas no mesmo período do ano passado para o ciclo 2021/2022. Os embarques acumulados entre setembro e 1º de dezembro ficaram em 6,7 milhões de toneladas, em comparação com mais de 9 milhões nessa mesma época de 2021.

Mas, o que explica esse desempenho mais fraco das exportações de milho dos Estados Unidos? Para responder a essa pergunta é preciso considerar uma combinação de fatores. Um ponto mais geral, que afeta o mercado de commodities dos Estados Unidos como um todo, é a manutenção de um dólar mais fortalecido em grande parte de 2022, prejudicando a competitividade do cereal norte-americano e causando impacto em vendas mais fracas nos últimos meses. Os países que são os maiores concorrentes dos Estados Unidos nas exportações de milho (Brasil, Argentina e Ucrânia) apresentam vantagens cambiais, com moedas, em geral, mais desvalorizadas. O segundo elemento a se considerar diz respeito às perdas sofridas pela safra de milho dos Estados Unidos em virtude do clima, resultado, em grande medida, das condições mais secas registradas no Oeste do cinturão produtor de grãos durante o desenvolvimento das lavouras.

O último número do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trouxe a produção norte-americana 2022/2023 em 353,84 milhões de toneladas, quase 30 milhões abaixo do ano anterior. Essa situação de oferta menor, com os estoques já em níveis considerados baixos, tende a resultar em algum racionamento de demanda, sendo que a exportação é a primeira variável a ser afetada. Os impactos do clima mais seco em parte do Meio Oeste também atingiram o transporte de cargas pelo Rio Mississippi, que viu seus níveis recuarem a patamares que chegaram a impedir a navegação. O Rio Mississippi é fundamental para as exportações de grãos pela região do Golfo. Contudo, não foi somente a barreira “física” que prejudicou o escoamento, mas também o reflexo nos preços do frete das barcaças e de outros modais, que prejudicaram a competitividade do produto norte-americano. Um último fator a se destacar fica por conta da demanda mais fraca esperada para alguns dos principais importadores do cereal norte-americano.

A China, após aumentar fortemente suas importações de milho nos últimos anos, chegando a ocupar o primeiro lugar mundial, tem perspectivas mais fracas para o ano safra 2022/2023, em 18 milhões de toneladas, segundo o USDA. O país também tem buscado a diversificação de seus fornecedores, com cargas de milho adquiridas do Brasil após os ajustes fitossanitários acordados entre os dois países. Para o Canadá a estimativa de importação 2022/2023 está muito aquém do registrado no ciclo passado e, no caso do México, há preocupações com a proibição do milho transgênico a partir de 2024. De qualquer maneira, mesmo com essas perspectivas de queda das exportações norte-americanas, o balanço de oferta e demanda mundial de milho não está folgado. Atualmente, o USDA estima que o consumo deva superar a produção em quase 9 milhões de toneladas, resultando em redução dos estoques. O cenário também é marcado por dúvidas em relação à Ucrânia, preocupações com a safra Argentina e incertezas com a safrinha brasileira do próximo ano, que ainda pode trazer muitas surpresas. Fonte: Ana Luiza Lodi. Broadcast Agro.