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19/Ago/2020

New Holland: sem previsão de expansão no Brasil

A New Holland Agriculture, marca da fabricante de máquinas CNH Industrial, não deve fazer investimentos para expansão de sua estrutura produtiva no curto e no médio prazos no Brasil, assinalou o vice-presidente da empresa, Rafael Miotto. "Para a família de produtos que temos hoje, o parque fabril atual suporta a operação para os próximos dez anos. No momento, é mais um exercício de eficiência industrial", afirmou Miotto. Em compensação, a empresa tem planos de investimentos no País para atender à expansão das linhas de produtos. "Para as plantadeiras que lançamos no ano passado, por exemplo, fizemos investimentos e praticamente dobramos a área física da fábrica de Piracicaba (SP). À medida que agregamos novas famílias, faremos expansão", disse o executivo. "Sem contar novas linhas de produção, não há necessidade de investimento em estrutura.

Sem dúvidas, temos capacidade para atender bem mais do que a indústria de hoje demanda", acrescentou o executivo. Ele destacou que neste ano a empresa segue investindo na renovação do portfólio e que fará em dois meses o maior lançamento de produtos de sua história. "Nos últimos meses, em meio à pandemia do coronavírus, trabalhamos com um dos maiores investimentos que já fizemos na América Latina porque a demanda agrícola segue firme", enfatizou. Em 2020, a operação global da New Holland deve investir US$ 1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento, montante semelhante ao aplicado em 2019. As vendas de máquinas agrícolas tendem a ser cada vez mais financiadas por ferramentas de crédito privado, na avaliação do vice-presidente da New Holland Agriculture, Rafael Miotto. "O setor de máquinas agrícolas ainda depende do Moderfrota (programa do governo federal), que responde por 90% das vendas dos setores elegíveis.

Mas, a Selic mais baixa dá oportunidade de criação de linhas competitivas com o programa”. O executivo comentou que o Moderfrota não tem sido suficiente para suprir toda a demanda do setor agrícola para a aquisição de máquinas e implementos e que os recursos geralmente acabam de dois a três meses antes do fim da safra. Apenas em julho, foram desembolsados 20% do montante ofertado pelo governo federal para o programa, muito em virtude de produtores terem "represado" compras na expectativa de taxas de juros mais baixas na safra atual, segundo Miotto. Apesar disso, ele considera que não falta crédito para a compra de maquinário, já que cresce a oferta de outros produtos com condições competitivas, como o Crédito Direto ao Consumidor (CDC) e a Taxa Fixa do BNDES (TFB), outra opção do banco público.

"Temos visto um crescimento na procura por CDC, por financiamento de máquinas em dólar, está mudando. Quem mais está diversificando neste primeiro momento é o grande produtor, mas já tem agricultor médio financiando em dólar, e o CDC vem sendo usado por todos os perfis de produtores", contou. Um dos entraves à maior procura por linhas de mercado ainda são os prazos de carência e amortização. O CDC tem prazo de cinco anos, lembrou Miotto, enquanto o Moderfrota tem dois a três anos a mais para quitar a dívida. Ele ponderou, contudo, que ao analisar os encargos e juros decorrentes do prazo mais longo, o Moderfrota pode não ser tão vantajoso quanto outras linhas. "Existe uma questão cultural entre os produtores de comprar máquinas e amortizar no longo prazo", contou. Outro fator limitante é o custo de captação dos bancos para emprestar dinheiro no longo prazo, mais alto do que a taxa Selic, atualmente de 2% ao ano.

"Escutamos muito dos nossos clientes que o juro do Moderfrota continua em 7,5%, que o do CDC é 8,5%, enquanto a Selic é 2%, mas há uma diferença grande entre a Selic e o custo de captação de recursos, por isso o sistema bancário não consegue oferecer a taxa Selic (em linhas para investimentos)", explicou. Ainda assim, ele reforçou que a taxa básica mais baixa ajuda a reduzir os juros de mercado e disse acreditar que a tendência é as linhas do governo e do mercado se aproximarem cada vez mais. Os bancos de fábrica também têm buscado diversificar a oferta de crédito e não se restringir ao papel de repassadores de recursos do BNDES, conforme o vice-presidente da New Holland Agriculture. "Nos últimos dois anos temos aumentado a oferta de CDCs, porque percebemos esse movimento há algum tempo. O banco da montadora também está ampliando bastante seu portfólio, com crédito para reformas, manutenção de máquinas, seguros", informou. Fonte: Agência Estado.