02/Apr/2025
A safra 2025/2026 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil, que começou oficialmente nesta terça-feira (1º/04), deve ter redução na moagem pelo segundo ano consecutivo. A retração é atribuída à área plantada menor, às condições climáticas adversas no último ciclo e aos impactos dos incêndios ocorridos em 2024. Apesar de uma leve recuperação nos indicadores de produtividade após as chuvas no fim do ano passado, a estiagem no primeiro trimestre de 2025 acendeu um alerta, levando consultorias e instituições financeiras a revisarem para baixo suas projeções. A maior parte das consultorias projeta moagem da safra 2025/2026 entre 595 milhões de toneladas e 612 milhões de toneladas. O volume é inferior ao recorde de 654 milhões de toneladas de 2023/2024 e das 617 milhões de toneladas moídas em 2024/2025 até 16 de março. O principal fator para a retração no início de 2025 é o clima desfavorável.
A precipitação em março ficou 38,6% abaixo do normal, o que pode restringir o ganho de produtividade esperado. O cenário já levou a revisões nas estimativas, como a da StoneX, que reduziu sua previsão de moagem de 611 milhões para 608 milhões de toneladas, citando como motivo chuvas abaixo do esperado. Se tivesse mantido um padrão de precipitação semelhante ao do último trimestre de 2024, o cenário seria diferente. Mas, o primeiro trimestre de 2025 será um dos piores da série histórica. O Itaú BBA também alerta que a seca prolongada pode levar a novas revisões. Atualmente, a estimativa é de 601 milhões de toneladas. Se abril for seco, a projeção pode ser ajustada. A Hedgepoint, única consultoria que prevê um aumento na moagem em relação à safra anterior (com projeção de 630 milhões de toneladas), também reconhece que o clima seco nos primeiros meses do ano é um fator de risco.
Fevereiro de 2025 teve precipitação abaixo da média histórica, reduzindo a umidade do solo e acendendo um alerta para os produtores. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê para abril chuvas dentro da média, o que pode mitigar parte dos impactos da estiagem. Além da seca já observada, a menor área de colheita também pesa sobre a safra, reflexo dos incêndios em áreas produtoras no ano passado. Depois dos incêndios, houve boas chuvas, então pode haver algum impacto positivo. Mas, o principal fator é a redução na área de cana-de-açúcar disponível. Os efeitos dos incêndios de 2024 ainda serão sentidos nesta safra. Segundo a Brasil Agro, muitas áreas queimadas tiveram desenvolvimento prejudicado. Um canavial que historicamente produziria 110 toneladas por hectare pode não passar de 90 toneladas por hectare. Além disso, áreas replantadas após os incêndios só serão colhidas na safra 2026/2027, reduzindo ainda mais a lavoura disponível neste ciclo.
Algumas usinas estão replantando de forma mais agressiva, principalmente na região oeste de São Paulo, acrescentou o Itaú BBA. Outro fator que pesa na comparação com a safra 2024/2025 é o volume menor de cana-de-açúcar bisada (colhida na safra anterior, mas processada na seguinte), além do envelhecimento dos canaviais. O ano passado começou com uma produtividade relativamente alta porque havia muita cana-de-açúcar bisada da safra 2023/2024. Esse volume não estará presente na mesma magnitude na safra 2025/2026. Além disso, a idade média dos canaviais aumentou, o que reduz a produtividade. A safra 2025/2026 do Centro-Sul deve registrar moagem de 609,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, segundo a média das projeções de cinco instituições.
A Hedgepoint projeta a maior moagem, de 630,1 milhões de toneladas, enquanto o Rabobank apresenta a menor expectativa, de 595 milhões de toneladas. A produção de açúcar deve atingir 42,06 milhões de toneladas, conforme a média das projeções. A maior estimativa também vem da Hedgepoint, com 43,27 milhões de toneladas, enquanto o Rabobank aponta o menor volume, de 41 milhões de toneladas. No mix de produção, que indica a destinação da cana-de-açúcar entre açúcar e etanol, o açúcar deve representar 51,45% da matéria-prima processada. A projeção mais conservadora é da StoneX e da Hedgepoint, com 51%, enquanto o Itaú BBA prevê o maior porcentual, de 52%. Para o levantamento, foram utilizados os dados de Datagro, Hedgepoint, Itaú BBA, Rabobank e StoneX. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.